tag:blogger.com,1999:blog-4923929601434927952024-03-13T04:49:24.189-07:00Bonecas RussasRobertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.comBlogger40125tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-19599664835407820812009-05-26T13:52:00.000-07:002009-05-26T14:15:41.367-07:00Pelo caminhoSábado eu reencontrei amigas do tempo do colégio. A distância entre nós marcou dez anos. Aí, num encontro inesperado com uma delas, durante uma viagem de trem, resolvemos que era hora de promover uma oportunidade pra gente se olhar depois de tanto tempo.<br /><br />Até aí, tudo bem, até porque são bem comuns esses eventos: Encontro das formandas de 1964, Baile de 30 anos da Pedagogia - Turma de 1979... O nosso humilde almoço de dez anos após a formatura no segundo grau até poderia ficar meio sem razão porque todo mundo já foi convidado para um convescote desses.<br /><br />No início, tinha dúvida se não seria meio chato cada uma tentando mostrar que os dez anos foram ótimos, que estão todas lindas, bem sucedidas e cheias de planos para a próxima década. Mas resolvi pagar para ver. Além de muitas risadas - tinha fotos do tempo do colégio, cartas de pirralhas bobas e um monte de lembranças boas de um tempo em que a única obrigação era passar por média.<br /><br />Mas claro que não ficou só nisso. Nosso reencontro me serviu para lembrar de todas as pessoas que a gente deixa pelo caminho ao longo da vida. E são tantas. E são muitas.<br />Falo da minha melhor amiga do tempo da escola. Eramos idênticas, passávamos horas a fio no telefone todos os dias, nos apaixonamos milhares de vezes, juramos ser amigas para todo o sempre, escrevemos inúmeras cartas, enfim. Não posso falar desse tempo e não falar nela. Mas foi estranho rever alguém tão importante e que hoje quase não lembro o dia do aniversário, pouco sei do bebê que ela está esperando, e nem tenho ideia se voltaremos a nos falar depois deste reencontro.<br /><br />Mas é mais ou menos assim em todas as fases. Na faculdade, também tive uma fiel escudeira, uma pessoa em quem confiar, para quem contar os planos, dividir os sonhos mais idealizados (e ridículos!), a única pessoa (além da família) para quem agradeci pelo companheirismo durante uma caminhada tão árdua como é uma graduação. Também nos separamos e também nos reencontramos este ano. E senti a mesma coisa.<br /><br />Tudo bem que não é possível ficar com a ilusão de que a gente vai conviver com quem gosta para sempre, ignorando a correria, a mudança de rumos, de ideias, de cidade. Mas é ruim constatar isso, pior ainda lembrar de como era bom ter pessoas especiais do lado. E mais triste ter a certeza de que estamos cada vez mais sós.<br /><br />Como muita gente, também tenho meia dúzia de amigos, talvez menos que isso e apenas uma "melhor amiga" (família é família e não conta). Só que apenas ela não consegue me ajudar a contar a minha história. É preciso juntar os pedacinhos. E os que eu deixei pelo caminho - e que me deixaram também - fazem parte disso, desse mosaico. Eles conhecem uma Roberta que eu já não sou mais, mas que eu tenho saudade, mesmo que ela não seja nem perto daquela que pretendo ser amanhã...Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-63319014903203780272009-05-24T18:44:00.000-07:002009-05-24T19:15:55.781-07:00Eu voltei...Achei que tinha cansado de brincar disso. Mas olhando alguns comentários, reencontrando a meia dúzia de textos postados aqui, pensei em me dar uma segunda chance.<br />Nunca me convenci da validade de um blog como esse que não tem notícia, não tem fotos - sou meio preguiçosa com essas coisas - que não é lá muito divulgado, e que nem sei ao certo como definir.<br />Mas ainda assim, com tudo aparentemente contra, acho que o exercício do texto sem editor, sem tamanho, sem tema definido, pode me devolver o tesão em dar a minha opinião ou mostrar o meu olhar sobre as coisas.<br />Não sei se "eu voltei, agora pra ficar...", mas até que eu mude de ideia e tenha certeza dela, vou tentar fazer a diferença.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-65217784625228857082009-01-03T13:18:00.000-08:002009-01-03T13:37:59.757-08:00Missão 09: AcontecerNessa virada de ano eu fiz diferente.<br />Todos os anos, sempre me dá um gelo no esofago a medida que o dia 31 vai chegando ao fim. Dessa vez, deixei pra tomar banho na última hora, coloquei uma roupinha legal, mas sem a menor intenção de nada além de me sentir bem. Só lembrei que era véspera de 2009 quando senti cheirinho de comida boa no ar e quando comecei a encher os balões branco-e-prata.<br />Também não fiz nenhuma lista de metas para 2009. Não queria nenhum documento, nada para ficar me torturando, nada que pela metade do ano me fizesse sentir pequena, incapaz. Ficou tudo ali, guardadinho num lugar bem a mão, entre as idéias e o coração.<br />Eu brinco sempre no final de cada ano que, no seguinte, vou acontecer. Isso virou até uma piadinha que sempre repito para quem sabe a origem da tal frase.<br />E, de verdade, quem não quer acontecer? Eu sempre recorro ao dicionário quando acho que, sozinha, não tenho condições de descrever alguma coisa. Pois em tempos de reforma ortográfica, "acontecer" segue um verbete intacto, para a minha alegria. Entre seus significados, pincei "destacar-se socialmente devido a realizações pessoais". Bingo! Quero acontecer hoje, agorinha, demorô! Mas não precisa ser ganhando na mega ou recebendo uma declaração caliente do Javier Barden, meu sonho de consumo. Zerar minha listinha mental de pendências já vai ser acontecer em grande estilo.<br />Esse ano fiz, sim, diferente. Durante quase 27 anos, devo ter passado mais de 20 réveillons na praia. Mas nunca tinha pulado uma ondinha sequer. Sempre jantava correndo, retocava a maquiagem e saía enlouquecida para uma festa cheia, com gente que não me interessava, para ouvir música ruim e voltar baixo astral para o primeiro dia do ano novo.<br />Dessa vez, curti o que eu tinha. Não por resignação - eu adoraria passar a virada em Paris, por exemplo - mas pra ser menos reclamona, menos chata mesmo. O que faz muito bem pra pele, dizem. De que adiantaria me queixar da minha prainha simples se eu mesma não corri atrás de um plano B?<br />E, se felicidade é uma coleção de pequeníssimos momentos alegres, então estava feliz com a minha família e depois recebendo energia boa que vem do mar.<br />É claro que tenho (todos temos, sempre!) muito trabalho pela frente. É claro que tô curtindo uma preguicinha que dá e uma ressaquinha de depois de tanta loucura de final de ano, mas a missão 09 já tá aí, o cronômetro já tá correndo e o objetivo segue sendo acontecer.<br />Quem me acompanha?Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-20914116781934052612008-12-06T16:08:00.000-08:002008-12-06T16:48:44.743-08:00Por que explicar?Eu devo mesmo ser feita de um material diferente daquele que se usou para fazer as outras pessoas. Não que o que foi usado para me fabricar seja melhor do que o utilizado na produção da maioria das outras pessoas mas, definitivamente, devo ser mesmo esquisita. Mais uma vez: calma, eu explico.<br />Enquanto a grande maioria dos jornalistas corre desesperadamente em busca de definições precisas sobre as coisas, eu vibro quando bato de frente com algo sobre o qual não consigo enunciar os atributos, algo para o qual não encontro adjetivos, uma coisa que não sei explicar. Isso me desafia todos os dias, há uma luzinha que liga sempre que encontro um personagem indecifrável, num contexto discrepante.<br />Quem consegue precisar o que acontece quando um arrepio percorre o corpo todo sempre que a gente escuta uma música que gosta muito? É possível definir com, pelo menos três adjetivos, o que é o frio na barriga, a taquicardia, a boca seca e o choro que vem do riso? Pode ser que alguém conte uma história na tentativa de estabelecer, limitar, demarcar, definir o que são todas essas sensações. Mas dificilmente ela será tão fiel, tão precisa, tão legítima quanto a certeza que tem aquele que vive qualquer um desses momentos inexplicáveis. O que é, enfim, uma epifania para você?<br />Pois a graça, para mim, está justamente nisso, em não saber dizer se o gosto é de amora ou de ameixa. Se o esmalte é vermelho, rosa forte ou cor-de-goiaba. A graça é não buscar a razão para não quebrar o encanto, não deixar diminuir, perder o brilho.<br />O jeito mais claro de explicar o que estou querendo dizer é o gostar gratuito. Não existem aquelas pessoas com quem a gente nunca trocou uma palavra mas que simpatiza, vai com a cara gratuitamente? O cidadão não faz absolutamente nada para conquistar, mas a gente gosta, sorri e inconscientemente agradece por dividir um instante. Mas o bem-querer gratuito só vale se a gente não tentar entender o porquê de gostar. Não faz sentido listar uma série de razões para a empatia, para essa coisa boa. E acho que o verdadeiro amor começa de um gostar inexplicável assim. Sem essa de elencar predicados do eleito que expliquem o interesse, a motivação e até mesmo a cafonice que vem embutida com os romances.<br />Já expliquei demais. Esses devaneios a gente não explica... a graça está em não entender, não ter certeza mesmo...Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-23050280138817637462008-11-25T17:16:00.000-08:002008-11-25T17:31:45.662-08:00Pensando pensamentosNaquele livro do qual eu sempre falo, o Mania de Explicação, tem uma definição que explica a redundância do meu título aí de cima. "Filósofo é quem, em vez de olhar televisão, fica pensando pensamentos".<br />Não que eu me considere uma filósofa, mas nos últimos tempos me pego pensando pensamentos demais. O demais não é em tom de reclamação (de quem só pensa e não realiza nada), mas sim de constatação. "Minha boca está fechada, mas minha cabeça não pára de falar", como bem disse uma criança a uma amiga uma vez.<br />O que é certo é que, além de estar se avizinhando o tempo dos balanços de final de ano, de ver o que deu pra fazer daquela lista imensa que a gente faz sempre que zera o cronômetro no dia 31 de dezembro, eu ando avaliando situações, coisas e pessoas. Mas mais do que tudo isso, a atuação do meu personagem diante de toda essa bagunça que é a vida da gente. E, por incrível que pareça, conclui que não tenho sido tão canastrona assim.<br />Não sei explicar o porquê de um súbito otimismo, mas acho que queixas e caras feias não combinam mais com meu corte de cabelo. Também são pesados demais para que eu os carregue na bolsa. Definitivamente, lamentos e aquela coisa morna, estão fora de moda.<br />Mas é importante não confundir serenidade com sangue de barata. Continuo detestando festas de natal, aquele cenário todo, aquela alegria falsa, aquela comida seca e fria. O fato de estar mais zen não quer dizer que vou varrer pra baixo da árvore natalina todo o baixo astral que rolou em 2008, as poucas e boas que tive que encarar, as portas fechadas que não consegui transpor, enfim. A gente não esquece até porque tudo faz parte, como se diz. A diferença é não sofrer por isso e nem cultuar a miséria pessoal.<br />Com toda essa filosofia de butiquim, acho que estou pronta para receber o papai noel e ver mais uma queima de fogos da frente da minha casa na praia com um nó na barriga por causa de uma louca e medrosa expectativa pelo que está por começar.<br />Eu disse que ando pensando pensamentos demais...Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-64693609010009913492008-11-01T17:43:00.000-07:002008-11-01T18:03:08.473-07:00ÉcrireA oferta de textos (na Internet e fora dela) é tão grande, escreve-se sobre tudo e todos, a todo o momento, que me sinto na obrigação de escrever algo neste espaço apenas quando, realmente, tenho algo a dizer.<br />Como não tenho um leitor específico a quem me dirijo - sempre acho que este é um blog sem leitores - me dou ao luxo de desaparecer de vez em quando (como adoraria desaparecer efetivamente). Isso, sair à francesa quando não me sinto a vontade para tratar dramas pessoais, sutilezas de uma vida corriqueira, quando o tanto que há para ler por aí basta.<br />Deixei de registrar qualquer coisa por tanto tempo que quase esqueci a senha deste blog. Acontece.<br />A volta, queridos, não se deve, no entanto, a nada de especial. Mas como acho que escrevo melhor do que falo, e já que não posso falar o que quero, me sobra escrever. Mas não para vender as minhas palavras, como faço todos os dias. Escrever para, simplesmente, satisfazer a necessidade de fazer sentido. Escrever para encontrar o verbete perfeito, aquele que exprime o que a gente sente, o que os olhos capturam quando encontram algo raro pela frente. Escrever, somente.<br />Se não fosse jornalista, talvez fosse escrevinhadora de cartas. Ou, talvez, leitora delas. Palavra por palavra, as frases, como uma fotografia, que conserva para sempre um instante, uns poucos escritos, que eternizam as idéias, os raciocínios, os sonhos.<br />É bom por representar por meio das letras o que se passa numa cabecinha fértil como a minha, que nunca pára...<br />Bom, mas isso é história para outros escritos.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-72099166155346467582008-09-28T06:20:00.000-07:002008-09-28T06:39:06.589-07:00Eles dizem "sim"O casamento voltou à moda, definitivamente.<br />Hoje mesmo me dei conta de que, neste final de semana, boa parte das conversas que tive, ou dos eventos que fui, estavam relacionados, de uma forma ou de outra, ao enlace de duas histórias.<br />Tudo começou com um casamento coletivo em Canoas. Naquele sábado ensolarado (um casamento primaveril, como diria a Bebel), cem casais de baixa renda disseram o tão esperado "sim".<br />Com direito a tapete vermelho, chuva de prata e música romântica (Roberto Carlos Cover!), pessoas que já haviam confirmado seu desejo de viverem juntas no dia-a-dia, sem ritual, sem roupa bonita e sem espectadores, fizeram isso perante a lei e alguma religião.<br />Sem entrar no mérito de se o casamento garante ou não a longevidade do amor e todas aquelas discussões, ainda assim acho bacana quem se compromete.<br />Depois, no final do dia, conversando com duas amigas queridas, numa sessão de fotos e álbuns antigos, vi registros de um casamento que aconteceu há mais de 25 anos. Se o matromônio durou ou não "até que a morte os separe" é apenas um detalhe. O encantador foi imaginar que sonhos aquele casal tinha quando prometeu amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e tudo mais... O vestido da noiva poderia ser usado hoje com a maior garantia de elegância. Os rostos jovens e sorridentes capturados naquelas imagens dizem mais do sentimento que qualquer declaração ou papel.<br />E isso sobrevive, independente dos rumos que a vida ganha.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-73472077045125292052008-09-26T11:37:00.000-07:002008-09-26T12:13:32.843-07:00É pra somar!Pessoas de extremos, como eu, deveriam pensar na influência do "ou" e do "e" na vida cotidiana. Exercitando um "ou" outro, sabendo usar, dizem que o humor, o estado de espírito e até os soluços melhoram.<br />Calma, eu explico. Até porque eu preciso entender primeiro para, só depois, colocar em prática. Infelizmente, meu aprendizado se dá assim.<br />"Ou" eu amo, "ou" eu não amo. Isso. Num trabalho, ou é 100% de energia e tesão empregados "ou" é 0% de motivação, por favor, não me chamem. "Ou" tenho amigos para todas as horas, "ou" não tenho amigos (nem sempre a gente tem saco para conviver com amigos grudentos, com papo cabeça e "que fazem a diferença" o tempo inteiro. Até que é bom ter amigos mais lights, sem cobranças, sem julgamentos, de acordo com a maré).<br />Durante muito tempo achei que isso era uma marca, algo que designava pessoas fortes, com opinião, decididas. De extremos, melhor dizendo. Não havia variação do tipo: 54,38% apaixonada, 23,16% a fim de trabalhar e 33,33% cansada da vida que eu levo. Era 100% "ou" 0%. Era on "ou" off. Somente.<br />Mas o que a gente nem sempre pensa é que o "ou" designa exclusão. Tá lá, no dicionário, é a única alternativa possível. Não existe meio-termo. E, muito menos o tão sonhado (e, às vezes, inalcançável) equilíbrio.<br />Nessas, a gente perde boas oportunidades, dispensa pessoas, reina absoluto na redoma que contrói. Tanta intensidade (ou ausência dela) para nada.<br />Pois então falemos do "e". É fácil perceber a diferença entre amboa. O "e" soma, é aditivo. É menos firme, mas é mais agregativo. Ele aumenta as opções, não aposta no tudo "ou" no nada, mas, sim, em um pouquinho de tudo, sem se levar tão a sério.<br />Pois no lugar de ir "ou" não ir a um parque caminhar, a gente pode ir "e" convidar um amigo para passear. Com o "e", as possibilidades são ampliadas, assim como os riscos, é claro. Só que sem risco, perde a graça.<br />Talvez esses escritos sejam óbvios para muita gente. Não importa. O vale é que leiam "e" pensem, assim como eu fiz agora. Pois não se trata de um texto para gostar "ou" não gostar.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-13702731828945065552008-09-25T10:52:00.000-07:002008-09-25T11:14:16.088-07:00Quando estou amandoSer espectador da vida dos outros deve ser algo muito desolador.<br />Foi isso que senti quando assisti Quando estou amando (Quand j'étais chanteur, de 2006) no último domingo.<br />O filme conta a história de um cantor de bailes cinquentão (que faz mechas nos cabelos cuidadosamente penteados e displicentemente crescidos) que se apaixona por uma corretora de seguros (beeeeeeem mais nova, recém-divorciada.<br />Até aí, tudo normal.<br />Mas tem o lance da diferença de idade, da confusão da vida dela (com um filho pequeno que a rejeita), sua beleza e a carência imensa de ambos. E mesmo com tudo para dar em dor-de-cotovelo, o cantor Alain Moreau encontra em sua amada (platônica) um motivo forte e irrefutável para cantar, cantar muito, expressar todo o seu romantismo e sua cafonice nos palcos da vida.<br />Até que ele, de cima do palco, assiste sua musa envolvida (superficialmente, apenas por uma noite) com outro monsieur.<br />Realmente é dolorido demais assistir a felicidade de quem a gente ama. Os mais altruístas até podem dizer que não, que desejam todo o bem para seus amados (mesmo que isso aconteça ao lado de terceiros), mas não é fácil cantar uma balada para embalar momentos importantes nas histórias dos outros.<br />Antes que pensem que o filme é baixo astral, garanto que é bem o contrário. É comovente à sua maneira, tem aquele clima de baile que eu acho muito legal (apesar de já não existirem mais essas noitadas, pelo menos não aqui, talvez em Paris ainda existam...), sem ser piegas.<br />E tem aquela coisa: "Quando se está amando", todo mundo fica um pouquinho cafona, um pouquinho piegas e um tanto sem noção.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-67160961478719301012008-09-18T17:24:00.000-07:002008-09-18T17:48:48.904-07:00PaciênciaUm dos meus cantores favoritos, o Lenine, tá com uma música dele embalando um comercial de tevê (não me perguntem do que se trata a propaganda porque eu não sei dizer). Cada vez que aparece o tal anúncio e trechos de <strong>Paciência</strong> começam a tocar, paro tudo.<br />Essa música já tocou em novela, já foi executada naquele projeto acústico da MTV e acho até que o próprio Lenine já perdeu a paciência com ela (ai, desculpem o trocadilho... saiu sem querer...).<br />Mas os versos são importantes, não são datados. Eles alertam sobre algo que, com essa rotina idiota, que se impõe todos os dias, quando "o mundo vai girando cada vez mais veloz", a gente não consegue ver: a urgência da vida. Falta alma, falta a parte imortal, o sentimento, o entusiasmo, a coragem, a disposição, a expressividade... Falta vida.<br />E lá vai, então, o Lenine: com seu sotaque melodioso, tem calma, "faz hora, vai na valsa". E finge ter paciência.<br />Aí é que deve estar o segredo.<br /><br /><em>Será que é tempo que lhe falta pra perceber?</em><br /><em>Será que temos esse tempo pra perder?</em><br /><em>E quem quer saber?</em><br /><em>A vida é tão rara tão rara...</em>Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-77263219573331358102008-09-17T17:33:00.000-07:002008-09-17T17:53:51.932-07:00Paris, eu te amoCom um certo atraso, assisti hoje Paris, je t'aime. A cidade do amor, ou a cidade luz, sobre a qual tenho lido muito e sonhado muito, é apresentada a partir do olhar de 20 cineastas.<br />Para quem espera um filme corrido, com histórias amarradas, Paris je t'aime pode ser chato ou desconexo. Mas de qualquer forma, nos 20 curtas de apenas cinco minutos há o comportamento parisiense, há todo aquele cenário, com direito a torre, cafés, cemitérios e todo o encantamento e charme que só a capital da França tem.<br />Eu destacaria a pequena história vivida por Natalie Portman (Francine, do segmento "Faubourg Saint-Denis"), uma jovem atriz que tem um romance com um cego. Os altos e baixos da relação aparecem em forma de lista, como se tudo não passasse de uma cena ensaiada por ela.<br /><br />Não lembro exatamente das falas, mas uma delas trata-se de algo do tipo: "A gente se abraça, se beija, se aproxima. Nós nadamos, eu estudo pras provas, ela grita. Vamos ao cinema, ela ensaia. A gente se abraça, se beija, ela grita (com razão e sem razão), a gente discute. Eu estudo pras provas, não vamos mais ao cinema, não nos beijamos..."<br /><br />Fiquei pensando se todas as histórias (de amor ou não) podem ser contadas assim, feito listas de tarefas, com exatos começo, meio e fim. Tudo parece estanque, sem emoção, mas também sem sofrimento, sem dúvida e sem atitudes sem sentido. Tudo parte de um script.<br />O problema é quando a gente teima em querer mudar, reescrever as cenas com as próprias palavras.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-44274159096664961382008-09-09T17:50:00.000-07:002008-09-09T18:11:37.822-07:00La Faute à Fidel!Hoje, a pequena Ana, uma francesinha que tem sua vida posta de cabeça para baixo depois que os pais simpáticos ao socialismo decidem se engajar na luta contra os facistas do mundo inteiro, me fez lembrar de mim.<br />Eu não perdi a casa onde morava na infância para ficar apertada em um minúsculo apartamento, nem fui proibida de assistir às aulas de ensino religioso no colégio de freiras onde estudei e nem tive babás estranhas, a maioria refugiadas.<br />O que me fez me ver na telona foi a necessidade que aquela pirralhinha de nove anos tinha de entender tudo o que se passava com a sua família, na sua frente, com o entra-e-sai de "barbudos" "vermelhos e comunistas". Eu sempre quis saber mais do que era permitido para a minha idade (lembro de um livro proibido até! - antes mesmo de "ficar grande" descobri que se tratava daqueles segredos guardados pelos adultos: como as crianças nascem, a verdade sobre coelho da Páscoa, Papai Noel e tudo mais).<br />Assim como a Ana - que pegou o pai de supresa querendo saber o que houve em maio de 1968, e a mãe, indagando sobre o que é o aborto - eu não me contentava com aquela conversinha de adulto despistando criança curiosa.<br />Com esse hábito desde a infância, me eduquei a desconfiar, a ser curiosa (na medida certa, tenho certeza) e, mais que tudo, estudar para saber questionar. A francesinha Ana, nos anos 70, além de abelhuda, tinha uma percepção e tanto, não sossegava com ordens com as quais não concordava simplesmente por serem ordens sem argumentos.<br />No fim das contas, mais que mostrar a esquerda, o filme combina sensibilidade e humor. De todos os conceitos que Ana tentou aprender, talvez a solidariedade tenha sido o valor mais importante e mais bonito que ela descobriu.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-24468672685638987002008-09-04T14:20:00.000-07:002008-09-04T14:41:07.306-07:00O que realmente vale a penaA intenção não é plagiar e nem repetir a idéia daquela propaganda de cartão de crédito que diz que isso ou aquilo não têm preço. Mas não dá pra deixar de referir as coisas incríveis que a gente só pode fazer quando está de férias. E não há dinheiro que pague, realmente.<br />São coisinhas prosaicas, não são de difícil realização, não é preciso ter um grande dinheiro para tal e nem necessita de que o cidadão vá para lugares distantes e abarrotados de gente. Ser dono do próprio tempo é, sem dúvida, um luxo.<br />Hoje eu naturalmente me dei três presentinhos desses.<br />O primeiro deles foi ficar de prosa com uma amiga querida, atirada numa poltrona, e tomando um chazinho durante três horas ininterruptas. O segundo foi, no meio da tarde, sentar em um café para "olhar o movimento". Ah, o passatempo ficou bem melhor sem relógio e com uma xícara de café, é claro. E, por fim, voltar para casa dos meus pais trazendo um agradinho para todos. Sério, isso pode ser banal para alguém, mas adoro agradar quem eu curto.<br />Aí é que vem a questão: Por que a gente tem que esperar o ano inteiro para ter tempo de se agradar? Tenho certeza de que, se as pessoas tivessem um tempinho para qualquer dessas atitudes que realmente valem a pena, seriam 1000% mais produtivas. Mas não. Preferem todo mundo acabado, estressado, no limite.<br />Me alegra saber que tenho alguns vários dias de nada-pra-fazer-sem-culpa.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-91991914607373051772008-09-03T14:03:00.000-07:002008-09-03T14:48:53.487-07:00IndiadasVer o Parque de Exposições Assis Brasil lotado (no domingo foram mais de 93 mil pessoas), em mais uma edição da Expointer, me faz lembrar de algumas histórias de piá. Hoje, depois de adulta, só entro na feira para trabalhar. Mas sempre me recordo das mesmas cenas.<br />Na adolescência, com uma turma, qualquer lugar fica interessante e engraçado. Visitar uma feira agropecuária (a maior da América Latina) não é exatamente o programa mais indicado para os aborrescentes, mas a gente adorava porque a cidade deixava de ser pacata.<br />Eu lembro de ter batido um recorde: fui nos dois sábados e domingos, na terça-feira com o colégio e na quinta-feira com a minha avó. Fora quando resolvia acompanhar o meu pai no domingo de manhã porque ele queria fugir da muvuca.<br />A gente nem sequer olhava os animais. Eu tinha medo de passar pelo meio daqueles touros deitados, sem nenhuma cerca, também não curtia aquele "aroma" do campo e ninguém "interessante" estaria naqueles pavilhões. Resumindo, a pirralhada ficava em algum bar (o do Lions era o point) ou ia direto para o parque de diversões.<br />Era lá que os casinhos marcavam de se encontrar (uma vez achei um pretendente na frente do Crazy Dance e tocava a música Tão Seu, do Skank! hahaha), ou a gente ficava admirando a coragem de quem topava andar nos brinquedos mais altos. Fui obrigada no kamikaze e quase morri gritando.<br />Como sempre chovia, ficava aquele barro por todos os lados. Mesmo sujos, mortos de cansaço, depois de percorrer pavilhões de artesanato, zanzar pelo parque todo, comer morango com chocolate, cocadas e beber capeta, não queríamos ir embora. Só quando as luzes começavam a se apagar, os animais começavam a ser guardados e as maçãs-do-amor vendidas em promoção, a gente resolvia ir embora.<br />Nostalgia boa. Quando a única preocupação que se tem na vida é passar por média no 4º bimestre, é mais fácil gostar de tudo e encarar essas e outras indiadas.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-75050150423039642132008-09-01T16:07:00.000-07:002008-09-01T16:24:03.133-07:00Mil e uma utilidadesSabe quando você emprega uma boa dose de energia em algo que não se transforma em nada de importante? Não é raro aparecer aquele gostinho de frustração, de não estar realizando absolutamente nada de útil.<br />Pois para chutar (literalmente) o marasmo e tentar ser uma pessoa melhor (eu já disse isso), decidi, há poucas semanas, começar a estudar kung fu. Antes que mentes engraçadinhas pensem que foi motivada pelo filme do ursinho panda, eu afirmo que é mais uma tentativa de encontrar algo que me agrade e acalme ao mesmo tempo. Não é exatamente sossego que eu quero, mas um lugar onde as pessoas não passem o tempo inteiro adorando suas bundas, peitos, pernas e braços. Se der pra suar um pouco e aprender algo de válido para o meu dia-a-dia, supimpa.<br />A coisa é toda cercada pelo ritual. Desde a roupa (ainda não tenho o uniforme oficial do lutador de kung fu, mas as cores da roupa são determinadas) até a forma de cumprimentar as pessoas, se colocar diante dos mestres, tudo faz sentido. Na chegada já comecei a gostar.<br />Depois tem a coisa do corpo, de treiná-lo para suportar a dor, do condicionamento físico propriamente dito. Quem olha de fora pode não entender o que aqueles chutes e socos podem ter de tão interessante, mas foi dessa arte marcial que veio da China que eu gostei, finalmente.<br />Ainda não tenho faixa alguma (a branca é a primeira), mas isso não importa. Quero perseguir a precisão do movimento, da concentração, da filosofia da coisa.<br />Um esporte com mil e uma utilidades: desenvolve a coordenação motora, a força, a resistência, a flexibilidade, o ritmo. Também proporciona maior segurança, tranquilidade e controle das ações, desenvolvimento do raciocínio, os reflexos, atenção e concentração mental.<br />Era tudo o que eu queria.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-67334141483901943612008-08-30T18:16:00.000-07:002008-08-30T19:26:34.127-07:00Grandes esperançasTem filmes que a gente assiste e parece que ajudou a escrever o roteiro. Quando vi Grandes Esperanças foi assim.<br /><br />Na época, minha missão era escrever uma resenha sobre a história de Finn e Estella. Era uma tarefa importante, eu deveria ver o filme com olhos atentos, prontos para perceber mensagens subliminares, interpretar cenas, captar pequenas sutilezas.<br />Mas como era um filme de 1998 (baseado no livro de Charles Dickens), acabei não encontrando na minha locadora de sempre. Procurei em livrarias, queria comprá-lo, afinal, tinha assumido o compromisso de que assistiria ao filme e escreveria sobre ele. Estava esgotado em Porto Alegre e levaria dez dias para chegar de São Paulo. Eu não podia esperar. Minha curiosidade não permitiria. Por sorte, acabei achando em DVD numa locadora perto do trabalho. Foi a primeira e única vez que fui ao tal estabelecimento.<br /><br />Comecei a ver o filme com atenção. Com um bloco de anotação nas mãos, ia listando características de Estella (Gwyneth Paltrow). Ela era a grande paixão de Finn (Ethan Hawke), que a tinha como inalcançável. Nas mãos de Estella, ele era como um brinquedo, manipulado, envolvido por seus caprichos. Na verdade, Finn sabia que seria magoado. Durante boa parte da história fiquei em dúvida se algum dia Estella realmente sentiu algo por ele.<br /><br />O filme terminou e, enquanto os créditos apareciam, decidi não escrever a tal resenha. Me limitei a fazer apenas um breve comentário. Para mim, o filme evocou a fragilidade e a efermeridade do amor. Não é bom perceber que as grandes esperanças que se tem de viver uma grande história se dissipam quando alguém não está disposto a arriscar.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-31059568110960792372008-08-26T08:14:00.000-07:002008-08-30T19:59:33.504-07:00Duas horas de vida suspensaDesde a época em que a minha mãe pegava a criançada, colocava debaixo do braço e levava para as mantinês, eu adoro ir ao cinema.<br />Lembro de ter visto A Dama e o Vagabundo, todos os filmes da Xuxa e até o He-Man (com direito a ter o meu pai junto, dormindo de roncar alto!). E meu colégio também proporcionava idas ao cinema de vez em quando. Era uma festa à base de muita bala azedinha (que a gente esvaziava rapidinho e ficava com o céu da boca ferido!).<br />No domingo fui, mais uma vez, saciar minha vontade de estar em frente à telona. Minha alegria é tanta que, muitas vezes, o filme fica em segundo plano. O enredo nem me importa. Tudo por causa do ritual, das luzes que se apagam, do silêncio (apesar de já ter presenciado vários barracos no cinema, gente sendo levada pra fora por mal comportamento e toda aquela comilança que faz um barulho danado), e o envolvimento total com aquela história.<br />Li esses dias um livro em que o personagem gostava de ir ao cinema porque sua vida ficava suspensa por duas horas. Durante este período, se esquecia de si, ficava fora de si, de seus problemas e se colocava um pouco naquele mundo em que a trilha sonora é incrível, tudo é intenso e mais bonito.<br />Gosto tanto da sétima arte que vou ao cinema até mesmo sozinha, não me importo, me sinto bem, ainda mais envolvida com a história, uma sensação quase egoísta de quem não quer dividir aquele momento com ninguém.<br />Mas também tenho que reconhecer que já tive muito boas companhias que dividiam este gosto comigo. No domingo fui com a minha irmã. Faz horas que perseguimos filmes fora daquela coisa comercial. Já vimos irlandeses, franceses (os que eu mais gosto!), chineses, e muitas co-produções. Um luxo!<br />Vimos Amar... não tem preço. Audrey Tatou está uma graça, o filme é leve, engraçado, com o melhor da França ao fundo.<br />Como disse uma senhorinha que estava no AeroGuion, "um filme para fazer a higiene mental". Cinema é bom pra isso.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-67013078176205597592008-08-20T19:39:00.000-07:002008-08-20T19:53:36.467-07:00Uma mente sem idéias, um corpo cansadoQuantas vezes você pára tudo para avaliar a sua vida? Nenhuma? Feliz de você. A ignorância às vezes é um presente.<br /><br />Não é papo de quem está sempre procurando problemas, reclamando da vida. Mas um pouquinho de auto-crítica faz muito bem à saúde. Ser uma pessoa melhor. É isso que todo mundo devia perseguir.<br /><br />Numa época do ano em que o corpo está cansado, a cabeça um pouco vazia de boas idéias e a paciência se esvaindo, vale uma pausa para reflexão. Mas com a barulheira dos últimos dias está difícil sossegar e definir o que fazer da vida. Por isso, resolvi começar pela casca: isso, arrumar a casa, limpar tudo, pôr ordem no puleiro. Coisa boa o cheiro de faxina feita, tudo brilhando, vidros transparentes de novo.<br /><br />Mas a faxina mais demorada é a da rotina, dos maus hábitos, das coisas mal-resolvidas, de tudo o que a gente varre para baixo do tapete. Essa nem com uma pausa de um mês, meditando, é possível resolver... mas tentar já dá uma sensação de alívio, de "estou fazendo alguma coisa para mudar".<br />Por enquanto, são só tentativas.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-84465718816861843352008-08-17T18:26:00.000-07:002008-08-17T19:00:02.768-07:00Não vale a pena ver de novoEu disse aqui neste espaço esses tempos, que citaria seguidamente trechos do livro da Adriana Falcão, o Mania de Explicação. Adoro este livro. Já comprei uns três para dar de presente e também tenho o meu exemplar. As ilustrações são uma graça. Eu digo que é um livro para crianças grandes (sim, você tem que procurar nas prateleiras da seção infantil das livrarias).<br />E hoje, este texto é baseado em uma das tantas definições que a menininha criada pela Adriana inventa para tentar explicar o mundo.<br /><br /><strong><em>Lembrança: é quando, mesmo sem a sua autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.</em></strong><br /><br />O problema é quando o mesmo capítulo vem sendo repetido sem parar na cabeça da gente. Quem já não ficou com uma coisa martelando, uma cena, revivendo uma situação de olhos fechados? Eu ando com várias na cabeça. Parece que elas me impedem de viver outras cenas da minha própria vida. Ui, sai pra lá. Mas essas reapresentações estão grudadas, não querem sair.<br /><br />Nas lembranças boas, o que vale é prorrogar o bem-estar do que foi vivido, repetir como se tivesse um controle remoto passando e repassando as cenas, selecionadas. Nas ruins, é bem aquela coisa de louco: repetir milhares de vezes para achar o erro e tentar desculpá-lo, ou para se certificar de que as pessoas fizeram mesmo o que fizeram e sua reação não foi aquela que você esperava.<br /><br />O fato é que coisas e pessoas que já não importam estão fazendo festa na minha cabeça. Essa gente vem, se instala e eu não consigo expulsá-los. Assim como as situações. Parece que estou vivendo um Vale a Pena Ver de Novo sem ter sido consultada.<br /><br />Agora, por exemplo, estava lembrando o que eu fazia há um ano, num domingo desses de agosto. Sei direitinho: dormi até mais tarde porque tinha ido a um aniversário na noite anterior. Almocei com minha família toda em um restaurante da Zona Norte. Fazia um dia lindo, ensolarado. À tarde, recebi duas pessoas em casa e fomos ao cinema. O filme era Os Simpsons. Depois, café e conversas. No fim do dia, quando já chovia e era noite, jantamos em um restaurante árabe.<br />Eu pergunto: por que isso ainda está aqui assim, tão claro, com tantos detalhes? A cena não importa mais, as pessoas já não importam mais, eu já não me importo mais com nada disso. Não vale a pena ver de novo.<br /><br />Assim como a minha casa, acho que minhas idéias precisam de uma faxina... Isso. Uma limpeza geral no computadorzinho aqui. Não tem mais espaço pra coisas novas, coisas boas.<br />Vou preparar baldes e panos.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-57057593188876882792008-08-12T16:32:00.000-07:002008-08-12T18:36:32.658-07:00O fimO olho deixou de brilhar. Depois, foi a memória que pregou uma peça. A cabeça já não funcionava como antes. O sorriso apagou-se. A respiração ficou sofrida, ofegante. Até que ele parou de bater. E então, fomos apresentados ao fim.<br /><br />Mas o que é, de verdade, o fim? A sensação dolorida de nunca mais? A impressão de que nada poderá ser salvo, mudado? Você já foi apresentado a ele?<br />O fim intercepta o caminho sem permissão. Ele vem quando o relógio passa de 23h59min, e o dia acaba sem que se tenha percebido. Quando o amor se esvai abruptamente, é ele quem se impõe. O fim chega de mansinho quando bate a angústia na véspera de Réveillon, e se declara líder de todas as derrotas.<br /><br />Mas sua mais amarga aparição é, sem dúvida, quando a vida termina. E hoje o fim foi cruel. Esperou a noite, trouxe ventania, chuva forte. O fim colocou-se imperativo depois de suaves aparições durante quase cinco anos. Cada dia ele marcava sua presença deixando um sinal, debilitando, devastando, apagando tudo o que mais amamos em alguém.<br />O fim é desleal. Não dá alternativas, não barganha, não negocia.<br /><br />E depois do fim? Por favor, alguém sabe me dizer o que fica, o que acontece?<br />Nem é preciso citar que ele dá lugar ao vazio. Desorientação, desamparo.<br />E fica a pergunta: Se tivéssemos driblado o fim? Dado uma rasteira e merecido uma segunda chance? O que seria diferente?<br />Hoje eu não sei responder a esses questionamentos. Só consigo mensurar a minha dor. Meus olhos ardentes de lágrimas, meu desencanto, meu desespero.<br />Eis o fim mais triste que já vi.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-34674745820050049862008-08-10T14:22:00.000-07:002008-08-10T14:30:19.380-07:00Quando alguém escreve o que eu queria ter escritoFalava esses tempos com o meu querido Feltes. Lá pelas tantas, ele me mandou a letra de uma música que eu queria ter escrito. Ou melhor, era daquelas trilhas para certos momentos da vida. O meu momento de agora. Sim, também tenho trilhas sonoras específicas, para episódios e fases. Mas esta, para ele, também fazia sentido, remetia a alguma situação, algo que fica melhor recordar com notas musicais. Divido este belo texto com vocês.<br /><br /><div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Em caso de dor ponha gelo</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Mude o corte de cabelo</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Mude como modelo</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Vá ao cinema dê um sorriso</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo </span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Se amargo foi já ter sido</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Troque já esse vestido</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Troque o padrão do tecido</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Saia do sério deixe os critérios</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Siga todos os sentidos</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Faça fazer sentido</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">A cada mil lágrimas sai um milagre</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Caso de tristeza vire a mesa</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Coma só a sobremesa coma somente a cereja</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Jogue para cima faça cena</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Cante as rimas de um poema</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Sofra penas viva apenas</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Sendo só fissura ou loucura</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Quem sabe casando cura</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Ninguém sabe o que procura</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Faça uma novena reze um terço</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Caia fora do contexto invente seu endereço</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">A cada mil lágrimas sai um milagre</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Mas se apesar de banal</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Chorar for inevitável</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Sinta o gosto do sal do sal do sal</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Sinta o gosto do sal</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Gota a gota, uma a uma</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre</span></i></div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">A cada mil lágrimas sai um milagre</span></i></div> <div> </div> <div><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">P</span></i><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">oesia de alice ruiz, </span></i><i><span style="font-family:Agenda-MediumItalic;font-size:85%;color:#000080;">musicada por Itamar assumpção</span></i></div>Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-779271029197029512008-08-10T07:17:00.000-07:002008-08-10T07:57:15.912-07:00O dia delesEu faço parte do imenso grupo de pessoas que detesta datas comerciais. Só de pensar no Natal tenho calafrios. Sério. Aquela coisa de filas imensas, lojas estourando de gente, uma estupidez. As pessoas correm em busca de algo completamente sem sentido. Fora a obrigação de ficar feliz na Noite Feliz. Ui, chega, prefiro nem antecipar o sofrimento do final do ano.<br />Mas o dia de hoje é mais uma dessas datas. Para que este blog trascenda o texto confessional, vou me abster de falar sobre a relação que tenho com o meu pai. Não que ela não seja boa. Vamos ficar apenas com a coisa da comemoração e da luta por um presente bacana.<br /><br />Dizem que o presente ideal é aquele bem supérfluo: algo que o cidadão não precisa e não compraria por achar um desperdício de dinheiro. Do contrário, se for algo de primeira necessidade, não se trata de um presente, e sim, de um serviço de utilidade, tipo tele-entrega na hora da fome. Há ainda o sinônimo de "lembrança", de "mimo". Fico com o sentido de lembrança. Algo a partir do qual o meu pai vai lembrar de mim.<br /><br />Pois bem. Rodei o shopping angustiada na última sexta-feira. Tive o comportamento típico do indeciso: quando me dei conta, estava comprando coisas para mim e (pasmem!) me peguei circulando até entre os corredores da seção infantil de uma livraria.<br />Meia hora antes de começar a trabalhar, decidi me render ao primeiro presente que me ocorreu. Sim, um pijama.<br /><br />Pode que muita gente pense ser este o presente mais chato da face da Terra e mais sem criatividade. Pode ser. Eu pensava isso das meias, mas hoje adoro ganhá-las de presente. O tempo muda nossas concepções sobre as coisas e as pessoas. Ainda bem.<br /><br />No entanto, tenho certeza de que meu pai vai lembrar de mim sempre que usar o tal pijama. Isso porque quando estou em casa, esta é a roupa que mais gosto de usar. E quanto mais velho, melhor. O pijama tem uma coisa de proteção, de lar, de descontração. Por isso, no lugar de envergonhada, hoje de manhã, quando ele abriu a embalagem, fiquei satisfeita. Nada seria mais a minha cara do que um pijama. Talvez as canecas também fossem. Mas comprei canecas para ele no ano passado.<br /><br />Quanto às comemorações, curto tudo como fazemos: o café da manhã tem o bolo que o meu pai mais gosta, os docinhos de nozes sem os quais ele não vive, e depois, o almoço é em casa, com direito àquele bate-papo (ou bate-boca, dependendo dos ânimos) pós-orgia-gastronômica.<br />Talvez este não seja exatamente o melhor dia dos pais (na verdade, aqui ninguém pergunta para o homenageado se assim está do seu gosto), mas é o que temos.<br />Sabemos que o silêncio dele e seu prazer em preparar a comida ao lado da filharada toda em volta, substitui qualquer discurso ensaiado.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-31361046776467461812008-08-09T12:40:00.000-07:002008-08-09T13:01:19.811-07:00Quebrando os pratosOntem fui a um restaurante grego. Já tinha provado da comida tradicional da Grécia quando estive no Canadá, mas quis repetir a dose ao lado de um casal de amigos muito querido aqui em Porto Alegre.<br /><br />Pois bem. Olhando o cardápio, muita curiosidade, e muitas risadas também. Me decidi por uma espécie de lasanha com carne e berinjela. Se me perguntarem o nome da tal iguaria, eu não sei pronunciar e, menos ainda, escrever. Mas a parte engraçada veio depois: a sobremesa. No cardápio dizia algo do tipo: "Tradicional sobremesa grega, etc, etc..." Lá pelas tantas, citando os ingredientes do doce, eis que damos de cara com... Castanha do Pará. Mas como assim? Castanha do Pará na Grécia? Ah, não vamos exagerar, né? Mas boa comida, boa companhia e um final de noite de sexta agradabilíssimo.<br /><br />E, como de costume, o melhor vem no fim: os pratos. A cultura grega tem essa coisa de quebrar os pratos, principalmente em casamentos, dizem que dá sorte. Pois quem comesse toda a comida ontem (que nem criança, limpando o prato!) ganharia um prato para quebrar no final. Neste restaurante só as meninas ganham pratos.<br />O lance é que, com um giz colorido, tínhamos que escrever todas as coisas das quais queríamos nos livrar em nossas vidas. Durante o jantar eu já estava mentalizando a minha lista! (risos)<br />Claro que, listados, entre outras coisas, estavam tristeza, medo, ansiedade e todos os males que nos impedem de sermos melhores.<br />A parte divertida foi quebrar os pratos. Minha amiga foi de leve. Quebrou em duas partes, depois os cacos foram diminuindo. Eu não. Quebrei de uma vez, com força. Até deu medo. (risos)<br />Tomara que o efeito seja imediato.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-55111677171121172152008-08-08T10:04:00.000-07:002008-08-08T10:19:15.532-07:00Vermelho e azulNão, não vou falar sobre a rivalidade de Grêmio e Inter. Por favor, me desculpem os fanáticos por futebol, mas o mundo não é uma bola.<br />Pois essas duas cores podem servir, por um tempo, para definir humores e estado de espírito de quem duvida se está 100%. O vermelho, o baixo astral, a letargia. O azul, a euforia, a ligação em 220v. Isso, com muita sorte, quando o que o cidadão sente é decifrável. Mas aí são outros 500.<br />Trata-se de uma brincadeira de criança: dois lápis de cor para pintar quadradinhos ao longo dos dias. Cada nuance, um detalhe da personalidade. Mais forte, mais intenso, mais claro, menos importante. Um mosaico de nós mesmos.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-492392960143492795.post-80248273215882609612008-08-04T12:01:00.000-07:002008-08-04T12:05:40.778-07:00Coisa rápidaSó pra não dizer que não falei de flores, registro o dia ensolarado (com frio, mas um lindo dia!), o início do meu curso de francês (adorei, adorei, adorei), só a professora e mais dois colegas (sim, estou cada vez mais seletiva, contra muvucas, gritarias e multidões), e estou doente.<br />Há milênios eu não adoecia. Uma dor de cabeça aqui, uma dorzinha na boca por causa do aparelho, coisa pouca.<br />Mas dessa vez a coisa é mais forte. Tenho certeza que essa coisa de imunidade baixa é real. Um espirro me derrubaria nos dias de hoje...<br />Prometo me inspirar mais depois que essa coisa ruim passar.<br />Beijos e abraços.Robertahttp://www.blogger.com/profile/02363249191950258734noreply@blogger.com1