O olho deixou de brilhar. Depois, foi a memória que pregou uma peça. A cabeça já não funcionava como antes. O sorriso apagou-se. A respiração ficou sofrida, ofegante. Até que ele parou de bater. E então, fomos apresentados ao fim.
Mas o que é, de verdade, o fim? A sensação dolorida de nunca mais? A impressão de que nada poderá ser salvo, mudado? Você já foi apresentado a ele?
O fim intercepta o caminho sem permissão. Ele vem quando o relógio passa de 23h59min, e o dia acaba sem que se tenha percebido. Quando o amor se esvai abruptamente, é ele quem se impõe. O fim chega de mansinho quando bate a angústia na véspera de Réveillon, e se declara líder de todas as derrotas.
Mas sua mais amarga aparição é, sem dúvida, quando a vida termina. E hoje o fim foi cruel. Esperou a noite, trouxe ventania, chuva forte. O fim colocou-se imperativo depois de suaves aparições durante quase cinco anos. Cada dia ele marcava sua presença deixando um sinal, debilitando, devastando, apagando tudo o que mais amamos em alguém.
O fim é desleal. Não dá alternativas, não barganha, não negocia.
E depois do fim? Por favor, alguém sabe me dizer o que fica, o que acontece?
Nem é preciso citar que ele dá lugar ao vazio. Desorientação, desamparo.
E fica a pergunta: Se tivéssemos driblado o fim? Dado uma rasteira e merecido uma segunda chance? O que seria diferente?
Hoje eu não sei responder a esses questionamentos. Só consigo mensurar a minha dor. Meus olhos ardentes de lágrimas, meu desencanto, meu desespero.
Eis o fim mais triste que já vi.
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Um comentário:
Força prá ti e prá tua família, Roberta. Grande abraço.
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