Hoje, a pequena Ana, uma francesinha que tem sua vida posta de cabeça para baixo depois que os pais simpáticos ao socialismo decidem se engajar na luta contra os facistas do mundo inteiro, me fez lembrar de mim.
Eu não perdi a casa onde morava na infância para ficar apertada em um minúsculo apartamento, nem fui proibida de assistir às aulas de ensino religioso no colégio de freiras onde estudei e nem tive babás estranhas, a maioria refugiadas.
O que me fez me ver na telona foi a necessidade que aquela pirralhinha de nove anos tinha de entender tudo o que se passava com a sua família, na sua frente, com o entra-e-sai de "barbudos" "vermelhos e comunistas". Eu sempre quis saber mais do que era permitido para a minha idade (lembro de um livro proibido até! - antes mesmo de "ficar grande" descobri que se tratava daqueles segredos guardados pelos adultos: como as crianças nascem, a verdade sobre coelho da Páscoa, Papai Noel e tudo mais).
Assim como a Ana - que pegou o pai de supresa querendo saber o que houve em maio de 1968, e a mãe, indagando sobre o que é o aborto - eu não me contentava com aquela conversinha de adulto despistando criança curiosa.
Com esse hábito desde a infância, me eduquei a desconfiar, a ser curiosa (na medida certa, tenho certeza) e, mais que tudo, estudar para saber questionar. A francesinha Ana, nos anos 70, além de abelhuda, tinha uma percepção e tanto, não sossegava com ordens com as quais não concordava simplesmente por serem ordens sem argumentos.
No fim das contas, mais que mostrar a esquerda, o filme combina sensibilidade e humor. De todos os conceitos que Ana tentou aprender, talvez a solidariedade tenha sido o valor mais importante e mais bonito que ela descobriu.
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Um comentário:
A abelhudinha cresceu e ficou tão curiosa, mas tão curiosa que virou repórter. C´est la vie!
Beijo, Lu
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