terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pensando pensamentos

Naquele livro do qual eu sempre falo, o Mania de Explicação, tem uma definição que explica a redundância do meu título aí de cima. "Filósofo é quem, em vez de olhar televisão, fica pensando pensamentos".
Não que eu me considere uma filósofa, mas nos últimos tempos me pego pensando pensamentos demais. O demais não é em tom de reclamação (de quem só pensa e não realiza nada), mas sim de constatação. "Minha boca está fechada, mas minha cabeça não pára de falar", como bem disse uma criança a uma amiga uma vez.
O que é certo é que, além de estar se avizinhando o tempo dos balanços de final de ano, de ver o que deu pra fazer daquela lista imensa que a gente faz sempre que zera o cronômetro no dia 31 de dezembro, eu ando avaliando situações, coisas e pessoas. Mas mais do que tudo isso, a atuação do meu personagem diante de toda essa bagunça que é a vida da gente. E, por incrível que pareça, conclui que não tenho sido tão canastrona assim.
Não sei explicar o porquê de um súbito otimismo, mas acho que queixas e caras feias não combinam mais com meu corte de cabelo. Também são pesados demais para que eu os carregue na bolsa. Definitivamente, lamentos e aquela coisa morna, estão fora de moda.
Mas é importante não confundir serenidade com sangue de barata. Continuo detestando festas de natal, aquele cenário todo, aquela alegria falsa, aquela comida seca e fria. O fato de estar mais zen não quer dizer que vou varrer pra baixo da árvore natalina todo o baixo astral que rolou em 2008, as poucas e boas que tive que encarar, as portas fechadas que não consegui transpor, enfim. A gente não esquece até porque tudo faz parte, como se diz. A diferença é não sofrer por isso e nem cultuar a miséria pessoal.
Com toda essa filosofia de butiquim, acho que estou pronta para receber o papai noel e ver mais uma queima de fogos da frente da minha casa na praia com um nó na barriga por causa de uma louca e medrosa expectativa pelo que está por começar.
Eu disse que ando pensando pensamentos demais...

sábado, 1 de novembro de 2008

Écrire

A oferta de textos (na Internet e fora dela) é tão grande, escreve-se sobre tudo e todos, a todo o momento, que me sinto na obrigação de escrever algo neste espaço apenas quando, realmente, tenho algo a dizer.
Como não tenho um leitor específico a quem me dirijo - sempre acho que este é um blog sem leitores - me dou ao luxo de desaparecer de vez em quando (como adoraria desaparecer efetivamente). Isso, sair à francesa quando não me sinto a vontade para tratar dramas pessoais, sutilezas de uma vida corriqueira, quando o tanto que há para ler por aí basta.
Deixei de registrar qualquer coisa por tanto tempo que quase esqueci a senha deste blog. Acontece.
A volta, queridos, não se deve, no entanto, a nada de especial. Mas como acho que escrevo melhor do que falo, e já que não posso falar o que quero, me sobra escrever. Mas não para vender as minhas palavras, como faço todos os dias. Escrever para, simplesmente, satisfazer a necessidade de fazer sentido. Escrever para encontrar o verbete perfeito, aquele que exprime o que a gente sente, o que os olhos capturam quando encontram algo raro pela frente. Escrever, somente.
Se não fosse jornalista, talvez fosse escrevinhadora de cartas. Ou, talvez, leitora delas. Palavra por palavra, as frases, como uma fotografia, que conserva para sempre um instante, uns poucos escritos, que eternizam as idéias, os raciocínios, os sonhos.
É bom por representar por meio das letras o que se passa numa cabecinha fértil como a minha, que nunca pára...
Bom, mas isso é história para outros escritos.