terça-feira, 26 de maio de 2009

Pelo caminho

Sábado eu reencontrei amigas do tempo do colégio. A distância entre nós marcou dez anos. Aí, num encontro inesperado com uma delas, durante uma viagem de trem, resolvemos que era hora de promover uma oportunidade pra gente se olhar depois de tanto tempo.

Até aí, tudo bem, até porque são bem comuns esses eventos: Encontro das formandas de 1964, Baile de 30 anos da Pedagogia - Turma de 1979... O nosso humilde almoço de dez anos após a formatura no segundo grau até poderia ficar meio sem razão porque todo mundo já foi convidado para um convescote desses.

No início, tinha dúvida se não seria meio chato cada uma tentando mostrar que os dez anos foram ótimos, que estão todas lindas, bem sucedidas e cheias de planos para a próxima década. Mas resolvi pagar para ver. Além de muitas risadas - tinha fotos do tempo do colégio, cartas de pirralhas bobas e um monte de lembranças boas de um tempo em que a única obrigação era passar por média.

Mas claro que não ficou só nisso. Nosso reencontro me serviu para lembrar de todas as pessoas que a gente deixa pelo caminho ao longo da vida. E são tantas. E são muitas.
Falo da minha melhor amiga do tempo da escola. Eramos idênticas, passávamos horas a fio no telefone todos os dias, nos apaixonamos milhares de vezes, juramos ser amigas para todo o sempre, escrevemos inúmeras cartas, enfim. Não posso falar desse tempo e não falar nela. Mas foi estranho rever alguém tão importante e que hoje quase não lembro o dia do aniversário, pouco sei do bebê que ela está esperando, e nem tenho ideia se voltaremos a nos falar depois deste reencontro.

Mas é mais ou menos assim em todas as fases. Na faculdade, também tive uma fiel escudeira, uma pessoa em quem confiar, para quem contar os planos, dividir os sonhos mais idealizados (e ridículos!), a única pessoa (além da família) para quem agradeci pelo companheirismo durante uma caminhada tão árdua como é uma graduação. Também nos separamos e também nos reencontramos este ano. E senti a mesma coisa.

Tudo bem que não é possível ficar com a ilusão de que a gente vai conviver com quem gosta para sempre, ignorando a correria, a mudança de rumos, de ideias, de cidade. Mas é ruim constatar isso, pior ainda lembrar de como era bom ter pessoas especiais do lado. E mais triste ter a certeza de que estamos cada vez mais sós.

Como muita gente, também tenho meia dúzia de amigos, talvez menos que isso e apenas uma "melhor amiga" (família é família e não conta). Só que apenas ela não consegue me ajudar a contar a minha história. É preciso juntar os pedacinhos. E os que eu deixei pelo caminho - e que me deixaram também - fazem parte disso, desse mosaico. Eles conhecem uma Roberta que eu já não sou mais, mas que eu tenho saudade, mesmo que ela não seja nem perto daquela que pretendo ser amanhã...

domingo, 24 de maio de 2009

Eu voltei...

Achei que tinha cansado de brincar disso. Mas olhando alguns comentários, reencontrando a meia dúzia de textos postados aqui, pensei em me dar uma segunda chance.
Nunca me convenci da validade de um blog como esse que não tem notícia, não tem fotos - sou meio preguiçosa com essas coisas - que não é lá muito divulgado, e que nem sei ao certo como definir.
Mas ainda assim, com tudo aparentemente contra, acho que o exercício do texto sem editor, sem tamanho, sem tema definido, pode me devolver o tesão em dar a minha opinião ou mostrar o meu olhar sobre as coisas.
Não sei se "eu voltei, agora pra ficar...", mas até que eu mude de ideia e tenha certeza dela, vou tentar fazer a diferença.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Missão 09: Acontecer

Nessa virada de ano eu fiz diferente.
Todos os anos, sempre me dá um gelo no esofago a medida que o dia 31 vai chegando ao fim. Dessa vez, deixei pra tomar banho na última hora, coloquei uma roupinha legal, mas sem a menor intenção de nada além de me sentir bem. Só lembrei que era véspera de 2009 quando senti cheirinho de comida boa no ar e quando comecei a encher os balões branco-e-prata.
Também não fiz nenhuma lista de metas para 2009. Não queria nenhum documento, nada para ficar me torturando, nada que pela metade do ano me fizesse sentir pequena, incapaz. Ficou tudo ali, guardadinho num lugar bem a mão, entre as idéias e o coração.
Eu brinco sempre no final de cada ano que, no seguinte, vou acontecer. Isso virou até uma piadinha que sempre repito para quem sabe a origem da tal frase.
E, de verdade, quem não quer acontecer? Eu sempre recorro ao dicionário quando acho que, sozinha, não tenho condições de descrever alguma coisa. Pois em tempos de reforma ortográfica, "acontecer" segue um verbete intacto, para a minha alegria. Entre seus significados, pincei "destacar-se socialmente devido a realizações pessoais". Bingo! Quero acontecer hoje, agorinha, demorô! Mas não precisa ser ganhando na mega ou recebendo uma declaração caliente do Javier Barden, meu sonho de consumo. Zerar minha listinha mental de pendências já vai ser acontecer em grande estilo.
Esse ano fiz, sim, diferente. Durante quase 27 anos, devo ter passado mais de 20 réveillons na praia. Mas nunca tinha pulado uma ondinha sequer. Sempre jantava correndo, retocava a maquiagem e saía enlouquecida para uma festa cheia, com gente que não me interessava, para ouvir música ruim e voltar baixo astral para o primeiro dia do ano novo.
Dessa vez, curti o que eu tinha. Não por resignação - eu adoraria passar a virada em Paris, por exemplo - mas pra ser menos reclamona, menos chata mesmo. O que faz muito bem pra pele, dizem. De que adiantaria me queixar da minha prainha simples se eu mesma não corri atrás de um plano B?
E, se felicidade é uma coleção de pequeníssimos momentos alegres, então estava feliz com a minha família e depois recebendo energia boa que vem do mar.
É claro que tenho (todos temos, sempre!) muito trabalho pela frente. É claro que tô curtindo uma preguicinha que dá e uma ressaquinha de depois de tanta loucura de final de ano, mas a missão 09 já tá aí, o cronômetro já tá correndo e o objetivo segue sendo acontecer.
Quem me acompanha?