domingo, 10 de agosto de 2008

O dia deles

Eu faço parte do imenso grupo de pessoas que detesta datas comerciais. Só de pensar no Natal tenho calafrios. Sério. Aquela coisa de filas imensas, lojas estourando de gente, uma estupidez. As pessoas correm em busca de algo completamente sem sentido. Fora a obrigação de ficar feliz na Noite Feliz. Ui, chega, prefiro nem antecipar o sofrimento do final do ano.
Mas o dia de hoje é mais uma dessas datas. Para que este blog trascenda o texto confessional, vou me abster de falar sobre a relação que tenho com o meu pai. Não que ela não seja boa. Vamos ficar apenas com a coisa da comemoração e da luta por um presente bacana.

Dizem que o presente ideal é aquele bem supérfluo: algo que o cidadão não precisa e não compraria por achar um desperdício de dinheiro. Do contrário, se for algo de primeira necessidade, não se trata de um presente, e sim, de um serviço de utilidade, tipo tele-entrega na hora da fome. Há ainda o sinônimo de "lembrança", de "mimo". Fico com o sentido de lembrança. Algo a partir do qual o meu pai vai lembrar de mim.

Pois bem. Rodei o shopping angustiada na última sexta-feira. Tive o comportamento típico do indeciso: quando me dei conta, estava comprando coisas para mim e (pasmem!) me peguei circulando até entre os corredores da seção infantil de uma livraria.
Meia hora antes de começar a trabalhar, decidi me render ao primeiro presente que me ocorreu. Sim, um pijama.

Pode que muita gente pense ser este o presente mais chato da face da Terra e mais sem criatividade. Pode ser. Eu pensava isso das meias, mas hoje adoro ganhá-las de presente. O tempo muda nossas concepções sobre as coisas e as pessoas. Ainda bem.

No entanto, tenho certeza de que meu pai vai lembrar de mim sempre que usar o tal pijama. Isso porque quando estou em casa, esta é a roupa que mais gosto de usar. E quanto mais velho, melhor. O pijama tem uma coisa de proteção, de lar, de descontração. Por isso, no lugar de envergonhada, hoje de manhã, quando ele abriu a embalagem, fiquei satisfeita. Nada seria mais a minha cara do que um pijama. Talvez as canecas também fossem. Mas comprei canecas para ele no ano passado.

Quanto às comemorações, curto tudo como fazemos: o café da manhã tem o bolo que o meu pai mais gosta, os docinhos de nozes sem os quais ele não vive, e depois, o almoço é em casa, com direito àquele bate-papo (ou bate-boca, dependendo dos ânimos) pós-orgia-gastronômica.
Talvez este não seja exatamente o melhor dia dos pais (na verdade, aqui ninguém pergunta para o homenageado se assim está do seu gosto), mas é o que temos.
Sabemos que o silêncio dele e seu prazer em preparar a comida ao lado da filharada toda em volta, substitui qualquer discurso ensaiado.

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