sexta-feira, 25 de julho de 2008

O que eu queria dizer

Tem textos que a gente lê e sente aquela coisa: "Putz, eu queria ter escrito isso." O pior é que acontece freqüentemente, especialmente se o leitor opta por Gabriel García Márquez e tantos outros. Sempre que leio esse poema de Fernando Pessoa (inclusive já enviei para pessoas tão inquietas e angustiadas com a vida quanto eu), me parece que as coisas ficam menos pesadas, menos impossíveis. Divido com vocês...


Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

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